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sábado, 18 de setembro de 2010

Encontro antimanicomial

De 4 a 7 de setembro, em Porto Alegre, rolou o I Encontro Nacional de Estudantes Antimanicomiais. O evento teve o intuito de mobilizar, multiplicar, disseminar, reunir, "ajuntar", sensibilizar os estudantes que participam, têm afinidade ou se interessam pelas questões da luta antimanicomial e reforma psiquiátrica - como uma forma de trocar experiências, propor novas ações no campo e colocar fogo na interface entre formação em saúde mental e movimento social. 

Embora o nome sugira um evento fechado a estudantes, seu público-alvo abrange também profissionais, usuários de serviços de saúde mental e seus familiares. Quer saber mais sobre o encontro, sua história e objetivos? Clique aqui para acessar o site. Segue então o relatório final do Encontro: 




RELATÓRIO DA PLENÁRIA FINAL


Após aprovação do regulamento interno da plenária (vide documento) iniciamos a discussão das propostas encaminhadas pelos grupos de discussão dos simpósios e das rodas de conversa. O material que segue corresponde a todas as propostas aprovadas na plenária final do 1° Encontro Nacional de Estudantes Antimanicomiais.


PARTE I - OS IDEÁRIOS

O que queremos?

“fechar a porta de entrada das instituições totais é essencial para que se concretize o fim dos manicômios”

Na formação...

◦         Aproximar prática, teoria de acordo com as necessidades e o contexto de vida das populações,
◦         Promover pesquisas que respondam as necessidades do social
◦         Maior articulação da graduação com a pós-graduação
◦         Maior interlocução entre universidades públicas e privadas;
◦         Formação mais comprometida com as políticas públicas favoráveis a luta antimanicomial
◦         Luta por uma formação interdisciplinar antimanicomial; enfatizando a participação de estudantes de fora da área de saúde na luta antimanicomial
◦         Fomentar uma formação voltada a formar um profissional da saúde comprometido com os princípios do SUS
◦         Lutarmos por uma graduação com formação em práticas para o SUS em todos os níveis da atenção, enfatizando a atenção básica, com práticas disciplinares, vivências, estágios curriculares e extra-curriculares desde o começo do curso e ampliar as práticas já existentes
◦         Reafirmar a saúde não apenas como corpo e mente, serviço e gestor, mas também o macro: a moradia, a educação, contexto social, o trabalho...
◦         Romper com o modelo biomédico reducionista em relação à formação e atuação em saúde
◦         Formação permanente com grupos de estudo e disciplinas obrigatórias e eletivas de caráter antimanicomial
◦         Promover espaços coletivos de trocas de experiências
◦         Aproximações com conselhos regionais profissionais
◦         Criar espaços autônomos de formação política dos estudantes


Nas práticas e mobilizações....

◦         Luta pela não privatização da saúde e em defesa do SUS
◦         Lutar por maior número de grupos de Geração de trabalho e renda com base na economia solidaria;
◦         Ampliação da divulgação dos serviços da rede de saúde mental e do movimento antimanicomial;
◦         Disseminar e discutir com profissionais dos serviços substitutivos a lógica antimanicomial;
◦         Divulgação da Luta Antimanicomial e materialização das práticas antimanicomiais;
◦         Resgatar e fortalecer a importância do dia 18 de maio
◦         Desinstitucionalização dos usuários das instituições totais e não permitir que essa prática se reproduza nos serviços substitutivos
◦         Práticas voltadas à promoção de saúde mental
◦         Quebra de fronteiras entre usuários e profissionais: superação da lógica do normal e do patológico, luta pela ampliação do olhar, respeito e valorização da diferença e um cuidado compartilhado voltado ao auxílio nos processos de sofrimento psíquico que pode acometer a qualquer pessoa em determinados momentos de sua vida
◦         Lutar por um cuidado voltado para a produção de relações de afeto, de laços significativos, que apóie e sustente possibilidades de o usuário tomar iniciativas e construir sua autonomia, caminhar junto com usuário e construir esse caminhar com ele.
◦         Lutar pela humanização no cuidado dos usuários de serviços de saúde mental
◦         Escutar e respeitar desejos singulares dos usuários nas escolhas dos planos terapêuticos
◦         Reflexão sobre a atuação técnica e militante dos futuros e atuais trabalhadores da saúde mental
◦         Preparação dos serviços de Atenção Básica e Hospitais para atender usuários em crise (surto, abstinência, etc) dentro de uma perspectiva antimanicomial;
◦         Consolidar e ampliar a rede de serviços substitutivos e junto disso o fechamento dos hospitais psiquiátricos além da valorização dos Centros de Convivência;



PARTE II - AÇÕES PROPOSTAS...
 
Como arregaçar as mangas e por a mão na massa?

Organização do movimento...

◦         Realização de pós-eneamas nas universidades a partir dos ideários aprovados, respeitando as especificidades e carências de cada local (interdisciplinares) com o propósito de incluir mais estudantes na discussão e na luta.
◦         Construção de um Coletivo Nacional de Estudantes Antimanicomiais – continuar os laços criados no eneama para fortalecer nossas redes na luta antimanicomial;
◦         Criação de coletivos interdisciplinares de estudantes antimanicomiais, mantendo contato e rede viva
◦         Criação de uma rede nacional de comunicação e contatos entre os estudantes antimanicomiais e coletivos existentes
◦         Formação de uma rede nacional dos estudantes antimanicomiais que potencialize as relações e articulações que existem e desenvolva novos dispositivos de luta, junto aos movimentos sociais
◦         Realização de Encontros Regionais de Estudantes Antimanicomiais
◦         Realização do II ENEAMA
o      Temática para próximo ENEAMA: a rede que irá se formar debaterá e decidirá a respeito da temática.
o      Considerar a sugestão proposta de valorizar rodas de discussão do encontro (rodas em todos os dias e mesas menores)
o      Intercalar os ENEAMAs com os encontros regionais: não chegamos a um acordo e decidimos que este ponto será uma discussão posterior
o      Quando: a plenária deliberou pela realização já no próximo ano (2011) levando em consideração o quão recente é o nosso movimento e nossa organização.
◦         Site permanente do ENEAMA com fórum de discussão
◦         Formar meios de compartilhamento de experiências, via blog, twitter e grupo de e-mails
◦         Participar do ato por práticas libertárias na terça-feira de maneira lúdica!!! OK!!!
◦         Confecção de cartazes para o ato público de repúdio a prática do uso de armas de choque por parte da equipe de segurança do Instituto Psiquiátrico Forense de Porto Alegre para contenção dos usuários e que os estudantes não se calem frente a estes retrocessos denunciando e recorrendo as instâncias cabíveis

Intervenções na formação...

◦         Fomentar estágios em campos extra-hospitalares, expandir campos de estágio em saúde da família e na atenção básica como um todo
◦         Que se busque junto às universidades que os estágios nas áreas de ciências humanas e saúde contemplem nos planos estágios diretrizes antimanicomiais
◦         Garantia de que a formação, independente de modalidade, aconteça numa rede de atenção integral em saúde mental de lógica antimanicomial, eliminando o hospital psiquiátrico e outras instituições de lógica manicomiais como campo de formação.
◦         Que os participantes do ENEAMA compartilhem experiências de estágios de vivência para visibilizar a potência dessa estratégia
◦         Recepção de calouros organizada pelos coletivos e movimento estudantil da saúde com vivências em serviços e práticas de saúde e também serviços de saúde mental
◦         Lutar por espaços, dentro dos currículos, com as reflexões acerca da luta antimanicomial, da reforma psiquiátrica e redução de danos
◦         Fortalecimento dos diretórios e centros acadêmicos e fomento da discussão em relação à luta antimanicomial, além de ocupar estes espaços de organização e protagonismo estudantil
◦         Marcar o 18 de maio como acontecimento também dentro da universidade como forma de sensibilizar o universo acadêmico do debate e da problemática em relação à loucura.


Intervenções nos campos de práticas...

◦         Tornar a prática do Acompanhamento Terapêutico (AT) mais conhecida e fomentar a valorização desta pelos profissionais da saúde
◦         Conhecer e divulgar as políticas públicas de atenção à saúde como: humanizasus, SUAS, política de atenção à saúde mental na atenção básica
◦         Aproximação com os movimentos de usuários
◦         Ações para divulgar os direitos do usuário possibilitando a este exercer sua cidadania
◦         Participação dos estudantes nos espaços do controle social para denúncia de práticas manicomiais e luta por transformação das mesmas
◦         Representação e/ou participação de estudantes antimanicomiais nos fóruns regionais e nacionais de saúde mental
◦         Fomentar rodas de educação permanente em saúde mental com as equipes de saúde e outros setores
◦         Maior articulação dos serviços com as comunidades em que está inserido tendo em vista a promoção de cidadania


Uma última discussão...

E onde faremos o próximo ENEAMA?

Grande parte dos participantes da plenária sugeriu que fosse em Belo Horizonte (MG). Entretanto, integrantes do Espaço Saúde mineiro alegam que não teriam como viabilizar o encontro para o próximo ano. Discutiu-se então a possibilidade de outros lugares. Membros da comissão organização lembram que o pessoal de Porto Alegre também não tinha pernas e bancou ser sede do encontro mesmo assim. Surgiu a idéia de elencar duas sedes, estabelecendo uma segunda opção. Argumentou-se que estaremos atuando junto, que a sede não estará só. Propõe-se que o pessoal de minas saia inicialmente como possibilidade de sede e dê um retorno dentro de um mês. Há duas possibilidades de grupos de minas que poderiam começar a articular essa possibilidade e ver no que vai dar. Em seguida, sugeriu-se que cada região discuta entre si para poder se colocar como possibilidade de sede e que alguns coletivos presentes possam ficar responsáveis por convocar os estudantes em sua região para averiguar essa possibilidade. Colocou-se a idéia de agendar reunião presencial no Congresso de Saúde Mental e Direitos Humanos (Buenos Aires, UPMPM) em novembro, ou ainda estipular que essa discussão ocorra em novembro. Estudante representante do nordeste ficou de averiguar possibilidade a partir de articulações durante encontro da Coordenação Regional dos Estudantes de Psicologia Norte/Nordeste que ocorrerá em outubro e irá dar retorno em novembro.
O que ficou?
Até 25 de novembro estaremos aguardando retorno das articulações de cada coletivo, estado e/ou regional. A comissão organizadora desse primeiro ENEAMA ficará responsável pela convocatória dessa reunião!

Um comentário:

  1. Essa iniciativa abre um horizonte promissor, pois busca arregimentar militantes para a luta antimanicomial no seu nascedouro, ou seja no movimento estudantil. Vida longa ao Eneama!

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louco falou

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